Tempo seco e queimadas afetam preços do etanol e açúcar em SP

Claudia Assencio/g1
Queimadas em áreas de cana geram impacto econômico e preocupações no setor agrícola
Quem diria que o tempo seco e as queimadas poderiam influenciar tanto o mercado do etanol e do açúcar? Um levantamento recente do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) revela que as condições climáticas adversas em São Paulo não apenas diminuíram o valor do etanol, como também fizeram com que a exportação de açúcar se tornasse mais lucrativa do que as vendas internas.
O mês de agosto, que normalmente marca um pico na colheita de cana-de-açúcar, trouxe notícias desafiadoras para o setor. De acordo com o Cepea, a média do preço do etanol hidratado caiu para R$ 2,5827 o litro, uma diminuição de 0,78% em comparação ao período anterior. O etanol anidro também viu sua média recuar 1,2%, fechando julho a R$ 2,9526 o litro.
Mas o que está por trás dessas flutuações? O clima seco, somado às queimadas que afetaram áreas de cultivo, está prejudicando não apenas a quantidade, mas também a qualidade da cana-de-açúcar, levantando preocupações sobre o rendimento nas próximas colheitas. Vários agentes do mercado estão preocupados com o que isso significa para o ciclo próximo (2025/26).
E as más notícias não param por aí. Para muitos agricultores, as queimadas em áreas onde a cana ainda estava em fase de crescimento representam uma perda irreparável. “Algumas usinas ainda estão contabilizando os prejuízos”, comentam os pesquisadores do Cepea.
Por outro lado, enquanto o etanol enfrenta dificuldades, o açúcar cristal teve um desempenho diferente. O aumento das cotações no mercado spot paulista é em grande parte devido a essas mesmas condições climáticas. O cenário elevou os preços do açúcar demerara na Bolsa de Nova York, onde as exportações estão agora gerando 2,68% a mais em comparação com as vendas internas.
A média semanal do preço do açúcar cristal foi de R$ 131,20 para a saca de 50 quilos, enquanto na Bolsa de Nova York a média foi de R$ 134,72.
Os impactos das condições climáticas adversas na produção agrícola brasileira destacam a necessidade urgente de abordagens mais sustentáveis e responsáveis no agronegócio. No entanto, é vital que as vozes dos agricultores e trabalhadores rurais sejam ouvidas e levadas em conta nas decisões futuras sobre políticas agrícolas e ambientais.