14 de junho de 2025
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Seca Histórica Revela Fósseis de Purussaurus no Acre

Valter Calheiros/Musa

Pesquisadores aproveitam a estiagem para descobrir vestígios de gigantes da Amazônia

Em um cenário de seca severa que afeta a Amazônia, cientistas fazem descobertas surpreendentes que nos conectam ao passado da região. Fósseis do Purussaurus, o maior crocodilo da história, estão sendo revelados, oferecendo uma nova perspectiva sobre a megafauna do mioceno.

Na esteira dos desafios impostos pela seca de 2024, considerada uma das mais severas já registradas, investigadores do Acre fazem valer a oportunidade de desvendar o passado remoto da Amazônia. Recentemente, vértebras do Purussaurus brasiliensis, o famoso lagarto do Rio Purus, foram descobertas durante escavações às margens do Rio Purus, em um sítio arqueológico localizado em Boca do Acre.

A médio e longo prazo, essas descobertas estão sendo fundamentais para entender melhor a biodiversidade e as transformações ecológicas pela qual a região tem passado. Em uma expedição realizada entre os dias 15 e 18 de agosto, liderada pelo paleontólogo Edson Guilherme, foram coletados vestígios que prometem trazer à tona novas informações sobre as espécies que habitaram essas terras há mais de 8 milhões de anos.

“A seca tem nos proporcionado uma visão mais clara do subsolo, revelando ossos e outras estruturas que estavam ocultas e que são essenciais para nosso entendimento””, destacou Guilherme. Com as águas em níveis drasticamente baixos, o trabalho dos pesquisadores se torna mais viável, permitindo que eles extraiam fósseis vitais que antes estavam inacessíveis. Essa ação não apenas adiciona peças ao quebra-cabeças da nossa história, mas também promove um entendimento mais profundo dos ecossistemas antigos.

Desde 2019, as pesquisas em Boca do Acre têm se concentrado na preservação e estudo dos fósseis da megafauna amazônica do mioceno. A região se mostra promissora, com ossadas bem preservadas e uma variedade de espécies que ainda precisam ser descritas e catalogadas. Destaca-se a descoberta de um crânio de quelônio ainda desconhecido e um pós crânio de eremotério, uma preguiça gigante que também fazia parte dessa vasta coleção de seres pré-históricos.

O esforço contínuo da equipe multidisciplinar de colegas pesquisadores é vital para processar os fósseis e garantir que todas as informações coletadas sejam corretamente catalogadas. A estudante de paleontologia Isabela Pessoa acrescenta: “O trabalho que estamos realizando vai muito além da simples coleta de fósseis; é uma forma de traçar a evolução das espécies que habitam a Amazônia hoje. Esses estudos são fundamentais para preservarmos o legado natural e cultural da região.”

Entre as descobertas mais impressionantes, o Purussaurus se destaca não apenas por seu tamanho colossal, que poderia ultrapassar 12 metros, mas também pela força de sua mordida, que era duas vezes mais intensa que a do temido Tiranossauro Rex. Estudos demonstram que esse crocodilo pré-histórico necessitava de uma média de 40 quilos de carne diariamente, revelando o predador que ele realmente foi.

Atualmente, as baixas dramáticas nos níveis dos rios, como o Rio Acre, que atingiu a mínima de 1,25 metro, ecoam um alerta sobre as mudanças climáticas e a necessidade urgente de cuidar de nossos recursos hídricos. Desde a preservação de fósseis a campanhas de conscientização, é vital reverter o curso da degradação ambiental e não perder de vista as lições que a história nos ensina.

As descobertas de fósseis em meio à seca no Acre ressaltam a relevância da pesquisa paleontológica em um tempo desafiador para o meio ambiente. O entendimento do nosso passado é um chamado à ação para combater injustiças ambientais e promover a conservação de nossos recursos naturais. Cada vestígio resgatado do fundo dos rios não é apenas uma conexão com a história, mas um lembrete da nossa responsabilidade em preservar o futuro.

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