Queimadas e custos de produção elevam preços do leite

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Entenda como a combinação de fatores climáticos e econômicos afeta a oferta e os preços do leite no Brasil
O preço do leite tem enfrentado uma alta considerável, atingindo em agosto uma média de R$ 2,76 por litro. Esse aumento é resultado de um mix complexo de fatores, entre os quais se destacam as queimadas, a baixa oferta e os custos de produção que continuam subindo. Vamos explorar as causas por trás dessa situação crítica que impacta tanto produtores quanto consumidores.
Contexto da Produção de Leite
Em agosto, segundo pesquisa do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o preço do leite pago ao produtor registrou um aumento de 1,4% em relação a julho, refletindo uma média de R$ 2,7607 por litro. Comparado ao mesmo mês do ano anterior, esse valor é 17,7% superior, evidenciando o impacto direto das queimadas e da limitada oferta disponível.
Entre as principais razões para este aumento, destacam-se:
- Enchentes no Sul do Brasil em maio, que comprometeram a produção;
- Calor intenso durante a entressafra em agosto;
- Queda nas importações de leite;
- Queimadas em setembro;
- Redução na oferta e estoques baixos nos laticínios.
A pesquisadora Natália Grigol, do Cepea, destaca que a combinação de chuvas excessivas e calor intenso prejudicou a produção, resultando em estoques críticos de lácteos no mercado.
Reflexos das Queimadas
As queimadas, especialmente, estão elevando os custos de produção, pois afetam a disponibilidade de forragens para a alimentação animal. Isso não só aumenta o custo, mas também compromete o bem-estar dos animais. Adicionalmente, houve uma queda nas importações de lácteos, que registraram uma redução de 25,2% em agosto, somando 187,8 milhões de litros em equivalente leite.
Apesar do aumento real de 32% no preço pago ao produtor desde o início de 2024, a média de preços de janeiro a agosto foi 8,4% inferior à do mesmo período de 2023, o que indica uma vulnerabilidade continua do setor, frente a um cenário de demanda firme, mas oferta escassa.
Expectativa Futuras
Os dados indicam que o movimento de alta dos preços pode continuar entre setembro e outubro, devido ao desequilíbrio entre oferta e demanda. A falha na recuperação das ofertas, com a diminuição dos estoques em níveis abaixo do normal, reforça esse cenário preocupante. Como analisa Grigol, “o mercado não se ajustou conforme se esperava”, o que deve pressionar os preços ainda mais nos próximos meses.
A situação atual do mercado de leite no Brasil reflete um ciclo vicioso de crises climáticas e econômicas que impactam tanto os produtores quanto os consumidores. À medida que os preços continuam a subir, é fundamental que haja uma discussão mais ampla sobre sustentabilidade e práticas agrícolas responsáveis para garantir um futuro mais seguro e equitativo para todos.