14 de junho de 2025
# Tags
#Brasil #Economia

Pescadores da Amazônia clamam por ajuda enquanto rios secam

BBC News Brasil

Comunidade enfrenta a segunda seca consecutiva, colocando em risco suas tradições e sustento

A Amazônia vive momentos de desespero. Com a seca severa do rio Negro e a falta de peixes, pescadores no Cacau Pirêra enfrentam uma crise sem precedentes, lutando para manter suas vidas em meio ao abandono do poder público.

A pescadora Izabel Serrão sempre viveu à sombra dos rios que moldaram sua vida. Desde que era criança, navegava em canoas e depois encontrou seu lar em um beiradão, na comunidade do Cacau Pirêra, em Iranduba, próximo a Manaus. No entanto, o que antes era um ciclo natural de subida e descida das águas agora se transformou em desespero e incerteza.

Com a seca intensa que marca o segundo ano consecutivo, Izabel se vê presa em terra, com seu barco encalhado em um cenário que há muito não presenciava. “Neste ano, a seca chegou muito rápido e pegou todos de surpresa”, compartilha Izabel, refletindo sobre a dura realidade de sua comunidade. O rio Negro está a menos de dois metros de atingir o nível mais baixo da sua história, apenas 1,22 metro acima do recorde anterior, e a Defesa Civil já declarou estado de emergência em 62 cidades do Amazonas.

Em meio a uma estiagem que já afeta diretamente mais de 500 mil pessoas, as famílias ribeirinhas confiam na pesca como sua principal fonte de sustento. “Quando há água, eu saio para pescar às 4h da manhã; é a melhor hora para pegar peixe. Porém, desde o ano passado, nosso trabalho foi paralisado“, lamenta Izabel. O professor Rogério Marinho, especialista em Clima e Ambiente, alerta que essas secas extremas, que antes eram fenômenos raros, agora ocorrem em intervalos cada vez menores.

A atual situação é ainda mais alarmante quando se considera o aquecimento das águas do Oceano Pacífico, que tem amplificado os efeitos do El Niño, resultando em menos chuvas na Amazônia.

Na comunidade, onde cerca de 90% dos moradores dependem da pesca, a crise já é palpável. Com barcos atolados e poucos peixes, Ronilson Silva, também pescador, relata que recentemente conseguiu apenas 25 peixes em sua última pescaria. “Estamos todos atolados, sem saída, e as previsões para os próximos 30 dias são de mais seca”, diz com preocupação.

Apesar do desespero, a luta continua. O governo federal anunciou a criação de um auxílio emergencial para os pescadores, mas os detalhes ainda são escassos. Enquanto isso, a população de Iranduba se mobiliza, com distribuições de cestas básicas e água potável sendo realizadas, embora a comunidade do Cacau Pirêra ainda não tenha sido contemplada. Izabel enfatiza a urgência por ajuda: “Devolva nossa água quem tiver capacidade de fazer isso”.

A situação crítica enfrentada pelos pescadores do Amazonas é um reflexo da interseção entre aquecimento global, políticas públicas ineficazes e a luta pela preservação de tradições vitais. Os ribeirinhos não apenas pedem ajuda, mas clamam por justiça e respeito ao seu modo de vida, em um chamado para que as vozes silenciadas finalmente sejam ouvidas.

Pescadores da Amazônia clamam por ajuda enquanto rios secam

Mega-Sena acumula R$ 40 milhões após concurso

Pescadores da Amazônia clamam por ajuda enquanto rios secam

Toffoli Anula Condenações de Léo Pinheiro com

Leave a comment

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *