Manaus enfrenta pior seca da história com Rio Negro a 12,68 m

Matheus Castro/g1
Efeitos devastadores da seca colocam em risco comunidades ribeirinhas
A seca severa no Rio Negro está causando estragos significativos na vida de milhares de habitantes de Manaus, que enfrentam a segunda pior seca registrada na história. Com o nível das águas caindo para 12,68 metros, as consequências são alarmantes e necessitam de atenção urgente.
No dia 3 de outubro de 2024, o Rio Negro atingiu a marca de 12,68 metros, sinalizando a continuação da crise hídrica que afeta Manaus pelo segundo ano consecutivo. Este desastre não é apenas uma questão de números, mas uma realidade cruel, que expõe a vulnerabilidade das comunidades ribeirinhas e o delicado equilíbrio do ecossistema local.
O Serviço Geológico do Brasil (SGB) destaca que, comparado ao ano passado, quando o rio mediu 15,14 metros na mesma data, a diferença de 2,46 metros ilustra a gravidade da situação. As previsões indicam que a tendência de queda pode levar os níveis a ficarem abaixo de 12 metros nas próximas semanas, situação que já se reflete nas vidas de aproximadamente 750 mil pessoas afetadas.
Com a seca em sua intensidade máxima, a Prefeitura de Manaus declarou situação de emergência e interditou a Praia da Ponta Negra como medida de precaução. A orla, que antes era um ponto de lazer, agora é um pântano de lama, afetando diretamente o turismo e a economia local.
As escolas nas zonas ribeirinhas também sentem os impactos, com 29 delas fechando as portas devido à falta de acesso e recursos. O endereço das aulas, que já é complicado pela logística geográfica, tornou-se uma batalha diária contra a natureza que enlouquece.
O relato do carpinteiro Getúlio de Castro exemplifica a luta diária de muitos: “Um trajeto que eu levava dez minutos pra fazer, agora estamos fazendo em duas horas. É uma situação drástica”. Nesse cenário, o apoio humanitário se faz necessário, com o município já tendo iniciado a entrega de cestas básicas e kits de higiene para as comunidades afetadas.
O fenômeno da seca é resultado de uma combinação de fatores climáticos complexos, incluindo as alterações climáticas e fenômenos naturais como o El Niño. No entanto, o desânimo não deve ser a resposta. A ciência aponta para uma possível recuperação com a chegada de um novo fenômeno, o La Niña, que promete trazer mais chuvas e revitalizar a região, mesmo que isso ainda pareça distante.
A seca do Rio Negro é um grito de alerta para todos nós. É fundamental que as vozes dos afetados sejam ouvidas e que ações efetivas sejam implementadas para garantir não apenas a sobrevivência das comunidades ribeirinhas, mas a reforma necessária no manejo hídrico em busca de um futuro sustentável para a Amazônia.