Nível do Rio Negro em Manaus despenca com seca severa

Michel Castro, da Rede Amazônica
A crise hídrica em Manaus reflete a gravidade da estiagem no Amazonas
A situação do Rio Negro em Manaus é alarmante. Com a descida de mais de um metro nos primeiros 12 dias de agosto, a cidade vive um dos momentos mais críticos de sua história hídrica.
No dia 12 de agosto, o nível do Rio Negro estava em 23,87 metros, indicando uma descida média de 10,8 centímetros por dia neste mês. Essa drástica redução é comparável ao mesmo período de 2023, mas a gravidade do cenário atual sugere uma crise ainda mais profunda.
Historicamente, o Rio Negro enfrentou uma seca severa em 2023, atingindo o nível mais baixo em 120 anos. As consequências foram devastadoras: escolas na zona rural foram fechadas e importantes pontos turísticos perderam suas belezas naturais. Este ano, a previsão não é otimista, e o governo do Amazonas já declarou situação de emergência em 20 municípios devido à estiagem.
Mais de 11 mil pessoas em Envira, na fronteira com o Acre, estão sendo diretamente impactadas pela falta de água, com desabastecimento e aumento de preços de itens essenciais da cesta básica.
A última vez que o Rio Negro subiu foi em 16 de novembro do ano passado. Desde então, após uma estabilização, o nível das águas começou a descer novamente em 23 de junho, totalizando uma descida de 2,98 metros. Neste mês de agosto, o rio já perdeu 108 centímetros de altura.
O problema não se limita a Manaus; cidades como Itacoatiara, Tabatinga, e Coari também enfrentam queda nos níveis de seus rios. O Rio Solimões, por exemplo, descendeu quase dois metros em Tabatinga durante o mesmo período.
A Marinha do Brasil, ciente da situação crítica, está monitorando os trechos fluviais, enfrentando desafios para a navegação. Em Itacoatiara, o Taboacal é um dos pontos mais críticos, levando à construção de portos provisórios.
A situação do Rio Negro em Manaus é um reflexo da crise ambiental mais ampla enfrentada pelo Amazonas. É crucial que se intensifiquem as ações para mitigar os efeitos da seca, promovendo não apenas a recuperação hídrica, mas também a justiça social para as comunidades afetadas.